segunda-feira, março 11, 2013

Um cadáver em tribunal

A notícia surpreende pela situação extraordinária que descreve: "Sergei Magnitski é o primeiro morto a ser julgado na Rússia" (ler aqui). Não sei se há muitos mortos a serem julgados em tribunal por esse mundo fora mas, a fazer fé na notícia, na Rússia é estreia absoluta.

O caso é rocambolesco. Magnistski foi contratado para provar que o seu ex-patrão era um vigarista que lesara o erário público russo em vários milhões mas, ao investigar o caso, o agora réu-defunto concluiu que havia vigarice, sim, mas os bandidos eram outros. Para seu azar o líder da bandidagem era um polícia.

Magnitski, advogado de profissão, acabou preso e após uns meses de cativeiro sem acusação formal (nunca foi mais do que suspeito) apareceu morto na penitenciária onde o haviam engavetado. O caso complica-se com acusações de que o advogado trabalharia para o MI6 britânico, a aprovação de uma lei pelo congresso norte-americano que impõe sanções de vária ordem a todos os implicados, tendo Putin retaliado com a suspensão de um acordo que permitia a adopção de crianças russas por cidadãos dos EUA.

Pergunto-me qual será o desfecho deste processo. Que tipo de condenação poderá ser aplicada a um cadáver? O que está aqui a ser julgado? Qual poderá ser o objectivo disto? Tudo indica que Putin e os seus "muchachos" querem apenas limpar alguma porcaria atirando responsabilidades sobre a memória de alguém que não poderá defender-se.

De uma coisa está livre o defunto; não poderão condená-lo à morte. Quando muito poderão desenterrá-lo do cemitério e voltar a sepultá-lo num recinto prisional para sempre.

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