terça-feira, outubro 12, 2010

O lixo como bela-arte


Mão amiga fez-me chegar à caixa de correio um power-point com imagens de fotografias de um tal Chris Jordan. Procurando no google encontramos o site deste senhor logo à cabeça da página. O "truque" consiste em clicar sobre as imagens e deixá-las vir ao encontro dos nossos olhos até que nos cheguem ao cérebro em condições de serem compreendidas. Não sei se me espante ou nem por isso.
Olhando as fotos de Chris Jordan fico a imaginar o que faria  Marcel Duchamp com todo o tipo de lixo que o mundo actual nos oferece e nas quantidades industriais em que o faz. A sociedade contemporânea é muito mais generosa para com os seus artistas do que épocas pré-consumistas-compulsivas. Jordan que o diga. Que arte iria ele fazer se não fosse toda a porcaria que largamos constantemente sobre o nosso querido planeta?

8 comentários:

Anónimo disse...

a série de fotos do Intolerable Beauty é assustador pelo gigantismo de tudo. A propósito vc conhece (deve conhecer né?) o trabalho do Vik Muniz, ele mesmo utiliza toneladas de lixo para produzir obras de arte.
De qualquer forma os dois: o Chris e o Vik mexe com a gente, faz pensar. É aquela coisa do óbvio que está oculto nénão?
abraço
madoka

Rui Sousa disse...

Boa pergunta.
No entanto não terá sido o processo sempre o mesmo ao longo dos anos: tentar ver o que a grande maioria não vê e tentar trazer essa visibilidade para um espaço de partilha. Foi mais ou menos isso que o Duchamp fez com os ditos urinóis. Não terá sido também isso que o Picasso fez quando viu num guiador e num selim de bicicleta uma cabeça de toiro.
Às vezes dou por mim a pensar se a estética não é uma desgraça para o mundo. O facto de conseguirmos ver arte em coisas que supostamente deviam ser tristes, e exemplos é o que não falta. Quando se consegue ver estética numa lixeira ( e com razão ) deixa-nos a inevitável pergunta. A arte pela arte ( que é como se deve entendê-la ) tem limites, e quais são já agora?
Enfim, sempre as mesmas perguntas ...

Silvares disse...

Madoka, o mundo é uma verdadeira caixinha de surpresas!

Rui, é curioso, sempre as mesmas perguntas e, no entanto, as respostas vão-se transformando e mudando!
:-)

Anónimo disse...

O que é uma verdade incontestável é que a arte não cresceu na mesma proporção que o lixo. Ou por outra, muita arte colabora para o crescimento do lixo, infelizmente!

Silvares disse...

Bem observado.

the dear Zé disse...

"o povo gosta de luxo, quem gosta de lixo é intelectual!"

mai nada

Beto Canales disse...

Temo pela arte. E pelo excesso de lixo. Inclusive na arte.

Silvares disse...

Caçador, essa frase é lapidar!

Beto, pessoalmente é o excesso de lixo que me inquieta. A arte não existe, de facto, e o lixo é demasiado real.
:-(